terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O Partido Comunista Marxista-Leninista (PCML), em comemoração e homenagem ao Levante Comunista de 1935, lançou os Comitês de Luta pelo Socialismo no dia 29 de novembro, no histórico Sindicato dos Petroleiros (SINDIPETRO-RJ).

O Partido Comunista Marxista-Leninista (PCML), em comemoração e homenagem ao Levante Comunista de 1935, lançou os Comitês de Luta pelo Socialismo no dia 29 de novembro, no histórico Sindicato dos Petroleiros (SINDIPETRO-RJ).

O Levante  de 1935 é um dos capítulos heróicos da história de nosso povo, muitas vezes não contada e que tentam deturpar, mas o povo não esquece e se nutre dela para seguir o combate da classe trabalhadora nos dias atuais.

O Levante de 1935, levado a cabo pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), que tinha como líder o lendário Cavaleiro da Esperança Luiz Carlos Prestes foi um capítulo de heroísmo e resistência de nosso povo, somando-se aos capítulos mais importantes do movimento comunista internacional na luta contra a grande ameaça à humanidade de então, o fascismo (expressão extrema do capitalismo).

Numa luta sem par, a ANL, que contava também com a participação de uma das grandes heroínas da luta internacional, Olga Benario Prestes, militante alemã e judia, integrante do Exército Vermelho que acompanhou Prestes em seu regresso ao Brasil para a organização do levante.

O movimento que sofreu bárbara repressão teve inúmeras baixas, levando a vida de inúmeros lutadores por um país melhor, vencido no campo de batalha, Prestes e Olga terminam presos.

Olga é enviada grávida aos campos de concentração nazista onde é torturada e submetida a trabalhos forçados, separada da filha (Anita Prestes) e enviada a uma câmara de gás para a morte, porém, sem nunca desistir, “lutei pelo bem, pelo melhor do mundo” como dizia.

Prestes passaria os próximos 10 anos na prisão sem ter notícias da esposa nem da filha. Estes capítulos de bravura que tão bem mostram o espírito do povo pobre e batalhador brasileiro foi o motivo de inspiração dos revolucionários reunidos ali naquele dia para o lançamento dos Comitês de Luta pelo Socialismo, um novo capítulo na história dessa luta que continua.

No histórico lançamento dos Comitês, além de convidados como o professor Vasconcelos, do Modecon, José Barroso, do Instituto Karl Max, que em suas falas parabenizaram e ressaltaram a importância do evento na atual conjuntura de crise do capital, compareceram também representantes de comitês espalhados pelo estado, que organizam a classe trabalhadora em sua luta.

Foi emocionante a intervenção de Janete Souza, do Comitê de Itaboraí, que lendo o manifesto da ANL de 1935 destacou suas palavras finais: “Brasileiros! Todos vós que estais unidos pela ideia, pelo sofrimento e pela humilhação de todo Brasil! Organizai o vosso ódio contra os dominadores transformando-o na força irresistível e invencível da Revolução brasileira! Vós que nada tendes a perder, e a riqueza imensa de todo Brasil a GANHAR! Arrancai o Brasil da guerra do imperialismo e dos seus lacaios! Todos à luta para a libertação nacional do Brasil! Abaixo o fascismo! Abaixo o governo odioso de Vargas! Por um governo popular nacional revolucionário. Todo o poder à Aliança Nacional Libertadora!”

O professor Antônio Cícero, do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais - CEPPES, falou sobre a importância dessa data, de como aquele movimento representava uma unidade da esquerda brasileira na luta contra o fascismo, enquanto expressão do capitalismo, relembrou a importância da direção de Luiz Carlos Prestes e de Olga Benário, do enorme sacrifício feito pelos lutadores naquela luta, e da importância daquele movimento na vitória contra o fascismo em âmbito nacional e internacionalmente.

Pelo comitê da Pavuna e Costa Barros, bairros da zona norte do Rio de Janeiro e dos mais marginalizados, falou a professora Monique Mendes, que lembrou como é importante ter esperança em um futuro melhor para nosso país.

A professora lembrou como a educação hoje está arrasada graças às políticas capitalistas de alienação e associou o fato com a violência vivida hoje em dia na sociedade.

Citou o exemplo de um vizinho que se viu obrigado a mudar da comunidade em que vivia porque a polícia começou a empilhar corpos em seu quintal, e concluiu dizendo que nem mesmo isso pode nos fazer perder a esperança em um mundo melhor porque só lutando é que seremos as pontes para este novo mundo.

Gustavo Santos, do Comitê da Universidade Federal Fluminense, falou sobre a importância de um movimento de luta popular dentro das universidades, e que busque a organização do povo para a solução não apenas de problemas imediatos mas também para a construção do poder do proletariado que trará uma nova sociedade.

Em seguida, falou pela Juventude 5 de Julho o Dr. Michel Mendes Damasceno, médico formado em Cuba, pela Escola Latino-Americana de Medicina. Michel ressaltou a importância da construção desse movimento que precisa trabalhar com a parcela mais jovem da sociedade de uma maneira inovadora.

Argumentou dizendo que apesar dos recentes avanços, a maior parte da juventude brasileira ainda não se encontra nas universidades, foco historicamente da atuação dos movimentos revolucionárias com relação à juventude.

Segundo ele, a juventude proletária está concentrada principalmente nas favelas, nos centros de trabalho, nas torcidas de futebol, nas igrejas, nos presídios, nos campos de lavoura, e que é preciso criar estratégias para se chegar e trabalhar com essa parcela da juventude proletária.

Terminou lembrando que Cuba dá um grande exemplo ao mundo de como o socialismo pode não só resolver problemas imediatos como a fome, o desemprego, a violência e a falta de saúde, como também ajudar a humanidade a conseguir dar novos passos em seu desenvolvimento e cita a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) como exemplo disso, que com apenas 15 anos de criada já formou mais de 20 mil médicos para mais de 100 países, sem cobrar nada e que estes profissionais conhecidos como exército de jalecos brancos já realizaram mais de 1 bilhão de consultas no mundo, segundo dados da ONU-OMS, o que poderia representar quase um sétimo da humanidade, mostrando a grande contribuição do socialismo no desenvolvimento humano. O médico classificou a escola como a maior demonstração de amor que um país poderia dar à humanidade.

A camarada Georgina Queiroz, do Partido Comunista Marxista-Leninista, também prestigiou o evento e emocionada disse estar muito feliz com esse novo passo na luta pelo socialismo, que os comitês precisam ser não apenas fortalecidos como multiplicados.

Osmarina Portal, coordenadora do Movimento Nacional de Luta pelo Socialismo, em sua intervenção falou que o atual movimento  provém dos Comitês de Luta Contra o Neoliberalismo, dando agora um novo passo, radicalizando a bandeira para lutas pelo socialismo; recordou que o movimento se encontra em vários estados da federação.

Osmarina apontou que muitas vezes o inimigo de classe quer nos fazer acreditar que a classe proletária não é capaz de fazer as transformações, mas a realidade prova o contrário, existe em nossa história inúmeras demonstrações disso, muitos homens e mulheres como Luiz Carlos Prestes, Carlos Lamarca, Carlos Marighella, Gregório Bezerra, Olga Benário, Maria Bonita, todos brasileiros humildes e que se tornaram heróis da luta de nosso povo pela libertação final.

Ela também destacou a importância dos comitês como embriões de luta por uma nova sociedade que criarão as lideranças surgidas do seio do povo para fazer a revolução, como também cumprirá o papel de gerir a nova sociedade comunista, exercendo assim uma verdadeira democracia, onde quem planeja, organiza, produz e distribui seja o próprio povo, através de seus órgãos de poder.

O evento contou também com a intervenção alegre e criadora, característica da classe trabalhadora, das companhias de arte: Emparte e Cia de Arte INVERTA, a primeira apresentou a emocionante peça teatral “Dignidade”, que retrata a vida cotidiana da nação, a segunda “Operário em Construção”, que retratou a realidade do trabalho alienado dentro do capitalismo.

Na atividade cultural, o Roda de amigos  com Gonzalo Sandamaringa, Ananias e Milena Pastorelli, estudante francesa de intercâmbio no Brasil, também realizaram uma brilhante atuação na tarde histórica.

O evento contou também com a participação de esportistas, a apresentação de Karatê do estilo Jitsu-Do, com o mestre Stallone, integrante do comitê de Costa Barros, que levou uma demostração de Katas e de defesa pessoal com crianças que participam de um projeto na comunidade da Lagartixa, que ajuda mais de 70 crianças em uma das mais pobres e violentas favelas da cidade, onde essas crianças tem aulas duas vezes na semana em uma iniciativa voluntária por parte do mestre que nada cobra pelo trabalho, além de tirar estas crianças da rua durante quase 4 horas nestes dias. Neste trabalho são ensinados valores como disciplina, respeito, trabalho coletivo e  responsabilidade.

Além do Karatê, muitos deles participam também do projeto da Juventude 5 de Julho chamado de Pioneiros, onde se reúnem e participam de várias atividades recreativas e culturais.

Haroldo de Moura, do PCML, encerrando as falas politicas, destacou: a atual crise do capital é uma crise estrutural e não apenas financeira como pregam os economistas capitalistas e a grande imprensa, e ressaltou a importância da criação dos comitês em um momento onde o capitalismo mundial vai dando mostras de sua ruína, para poder organizar a classe trabalhadora e dar passos adiante na construção da nova sociedade, onde o homem já não será explorador do homem.

Ao final foi lida a declaração do lançamento onde se denuncia a situação da classe trabalhadora e chama a organizar-se dentro dos comitês para a luta definitiva.

O documento analisa os motivos da atual crise capitalista e conclui: “este problema não é de governos, mas sim do sistema, para mudar tudo isso precisamos mudar o sistema capitalista, precisamos substituir um sistema que prega que a felicidade está na fama, dinheiro e poder, que nos transforma apenas em consumidores, em nada mais que números e não em seres humanos.

Substituir este sistema por um onde a sociedade seja comandada por todos, onde nosso direito à democracia não se resuma no voto, mas na participação das decisões da sociedade e do país, nosso povo não se engana com seu modelo de felicidade porque é generoso, inteligente e lutador, precisamos construir uma nova sociedade, precisamos construir o Socialismo!”

As frases finais recordam o herói do povo brasileiro Carlos Marighella, onde afirma que é preciso não ter medo, mostra nossa disposição em seguir nessa luta e convoca os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, pai de família e mãe de família, você que acorda todo dia e sai de cara limpa a enfrentar esse país, sem a certeza se vai voltar pra casa no fim do dia, você que é quem constrói essa nação, com suas mãos, com seu suor, com sua vida e mesmo assim fica apenas com as migalhas que os ricos e poderosos deixam cair da mesa do banquete.

Convoca você a tomar partido, porque o medo é o inimigo que levamos dentro de nós e é ele que nos impede de ver a decadência em que já vivemos, é ele que nos permite pensar que nada temos a ver com a situação do país, mesmo estando a mercê das vontades dos patrões, saindo de casa sem certeza se voltaremos vivos. É preciso não ter medo é preciso ter a coragem de dizer.

E a famosa frase de Marx, onde afirma que nada temos a perder a não ser nossas correntes, temos um mundo a GANHAR. Temos um mundo a ganhar sem racismo, homofobia, machismo ou qualquer opressão de gênero, sem xenofobia, sem preconceito social, sem crianças nas ruas, sem mendigos ou usuários de crack abandonados nas calçadas, sem mortes por falta de atenção médica, sem desemprego e exploração, sem analfabetos, sem chacinas de pobres.

Um mundo com as mesmas oportunidades para todos, um mundo sem abismos de diferenças sociais, sem concentração de riqueza pra uns e distribuição de misérias para milhões.

É esse mundo que temos a ganhar, o Movimento Nacional  pelo Socialismo chama a todos a que se organizem, construam seus comitês na cultura, no esporte, nas escolas e universidades, nas favelas, comunidades, vilas e sertões, onde quer que estejam. Porque se o presente é de luta o futuro nos pertence!

Viva os Comitês de Luta pelo Socialismo!
É preciso não ter medo! É preciso ter a coragem de dizer!
Ousar lutar, ousar vencer!
Todos os dias haverão de ser nossos!
Pátria, socialismo ou morte!
VENCEREMOS! 

Michel Damasceno 
e Osmarina Portal
Essa matéria foi publicada na Edição 476 do Jornal Inverta, em 12/02/2015

A campanha de corrupção e caos econômico é parte da guerra do imperialismo. Os setores mais atrasados da burguesia atrelada ao capital internacional, dona dos monopólios das comunicações, está fundamentada em um método provado e comprovado para alcançar o golpe. A Petrobrás se tornou a bola da vez, e é a partir dela que se tenta criar novamente um cenário de caos.

Mesmo depois do pleito presidencial de outubro, a intensidade do assédio da imprensa e setores conservadores da política contra a presidenta Dilma Rousseff não pararam um só minuto. Aliás, todos os dias são noticiados novos fatos que indicam uma clara tentativa de desestabilização do governo.


Por um lado, apostam alto no declínio da economia do país e repetem em mantra no retorno do fantasma da inflação, de alta do dólar e juros alarmantes, no minúsculo crescimento do país, na tentativa óbvia de desgastar o governo, mesmo que os fatos indiquem que tudo isso não é verdade.

Por outro lado, investe-se pesado na desmoralização de Dilma através de escândalos de corrupção envolvendo empresas estatais, e mesmo sem qualquer evidência buscam associá-la aos escândalos, em um simulacro dissimulado.

As notícias veiculadas são verdadeiras propagandas para que as campanhas de guerra psicológica e econômica tenham maior êxito.

A “bola da vez” entre esses escândalos de corrupção envolve a Petrobras, a maior empresa estatal brasileira, denunciados através da “Operação Lava Jato”, da Polícia Federal. Estima-se que o esquema existe há pelo menos 15 anos, como herança maldita do governo FHC. A “Lava Jato” investiga a organização criminosa formada por políticos, funcionários públicos, executivos de empreiteiras e doleiros. As empreiteiras distribuíam entre si contratos inflados com órgãos públicos, em especial a Petrobrás, mediante o pagamento de propina e desvio de dinheiro público, que era repassado a partidos políticos. O principal contrato sob suspeita é o da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que teria servido para abastecer caixa dois e pagar propina.

A sétima fase da Operação Lava Jato cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Pernambuco e no Distrito Federal. Além do ex-diretor de serviços da estatal, foram presos também funcionários de, pelo menos, nove empresas: Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS, UPC, Engevix, Iesa, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia e Mendes Júnior.

Dessa maneira, configura-se campo perfeito para dar a impressão de um caos social e político: os jornais enchem a primeira página, a rádio e a televisão enchem os noticiários com previsões catastróficas e acontecimentos estarrecedores. Coincidentemente, desde o resultado das eleições o noticiário não tem passado um só dia sem associar os escândalos de corrupção à Presidenta Dilma Rousseff. Todo o esforço feito é para, depois de criado o clima de tensão, o governo ser apontado como único culpado.

Manual Gene Sharp de golpes de estado

O cenário escatológico que está sendo formado através desse espetáculo midiático não é uma suposição gratuita.  Este processo todo está elencado no pensamento do cientista político Gene Sharp, considerado o guru da CIA na nova estratégia de criar um ambiente de desestabilização política em países não aliados dos EUA, que não seja primeiramente uma intervenção militar externa.

A ideia central de Sharp de “não violência” é de uma “guerra com outros meios” já que para ele, “a natureza da guerra mudou. (…) Nós combatemos com armas psicológicas, sociais, econômicas e políticas”. Em seus livros Da ditadura à democracia (democracia sob termos ianques) estão descritos 198 métodos para derrubar governos por meio de “golpes suaves”. A CIA encorporou estas ideias de muito bom grado e fez de Sharp o “Maquiavel do imperialismo”. Uma intervenção militar tradicional implica enormes gastos econômicos e prejuízo para a opinião pública internacional.

Para chegar a isso, cria-se primeiro o clima de instabilidade, de afetação à legitimidade do país alvo expondo a fragilidade econômica, algo muito explorado nos últimos meses nos veículos de comunicação burgueses, além da degradação moral com exposições continuadas de descasos, corrupção, inoperância dos governos, etc, fragilizando a representação popular e dos partidos - elementos estes fartamente expostos incessantemente nos últimos tempos criando no seio da sociedade, a partir de membros oriundos da classe média, sequenciada por outros segmentos, os rastros primeiros para as manifestações crescentes que comumente em outras experiências desaguaram na derrubada do governo.

Sabe-se que a estratégia foi implantada na chamada “primavera árabe”, com resultados dramáticos na Líbia, Turquia e Egito. Na Venezuela, o esforço midiático para criar uma situação de caos social, político e econômico foi a justificativa necessária para a burguesia agir violentamente, sob o manto de protestos. No Brasil, a burguesia armada com os meios de comunicação tentou montar um cenário de instabilidade aproveitando-se dos protestos pelo Passe-Livre, em São Paulo, e com os escândalos de corrupção. O alvo preterido por esta campanha seria a não reeleição da presidenta Dilma, entretanto, uma vez Dilma reeleita, a campanha se destinará a forjar um cenário cada vez mais de difícil governabilidade.

A campanha de corrupção e caos econômico é parte da guerra do imperialismo. Os setores mais atrasados da burguesia atrelada ao capital internacional, dona dos monopólios das comunicações, está fundamentada em um método provado e comprovado para alcançar o golpe. A Petrobrás se tornou a bola da vez, e é a partir dela que se tenta criar novamente um cenário de caos. A burguesia não descansa em seu intento golpista. Mas, nós também não, na defesa da democracia. Estamos de olho.

José Carapinima
Essa matéria foi publicada na Edição 476 do Jornal Inverta, em 12/02/2015

Aos 92 anos da fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), muito temos que agradecer e não deixar cair no esquecemos, por exemplo, porque a URSS desempenhou um papel fundamental na derrota da Alemanha nazista. A Batalha de Stalingrado foi decisiva para a vitória dos aliados à custa da heroica resistência soviética, com a perda de 23,4 milhões de pessoas, mais de 26 vezes o número de mortes que sofreram os EUA e o Reino Unido juntos.

Para efeito de conhecimento das gerações mais novas, em 30 de dezembro de 1922, há exatos 92 anos foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que reunia, naquela época, sete repúblicas, entre elas a Rússia.

A URSS foi o primeiro Estado socialista do mundo. Esse regime começou a ser estabelecido em março de 1917, após a queda da monarquia czarista totalitária, absolutista e feudal.

O império do Czar (Rei) era incontestável, já que era considerado um ser divino, legítimo representante de Deus na Terra com poder de vida e morte para com os seus súditos.

Seguiu-se ao mesmo ano a derrubada do governo provisório de Kerensky pelos Bolcheviques em novembro, ou melhor, outubro pelo calendário russo da época.

Depois de assumir o poder, os bolcheviques instauraram um governo provisório proletário para governar o país, dirigido por operários, camponeses e intelectuais revolucionários.

O órgão mais importante do novo governo era o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Vladimir Ilitch Lênin.

O governo revolucionário tomou imediatamente diversas medidas inéditas destinadas a modificar total e profundamente a sociedade russa, deixando assombrado o mundo capitalista, feudal e monárquico da época: reforma agrária e fim da propriedade privada da terra; extinção de todos os títulos de nobreza; desapropriação de indústrias, bancos e grandes estabelecimentos comerciais, que passaram para o controle do Estado proletário; nacionalização dos investimentos estrangeiros; criação do Exército Vermelho, com a finalidade de garantir as conquistas da Revolução de Outubro; instituição do Partido Comunista (antigo Partido Bolchevique, fração majoritária do Partido Operário Social-Democrata Russo).

O sistema de partido único, baseado nos organismos de base da sociedade, instalou na Rússia a chamada “ditadura do proletariado” seguindo os preceitos do filósofo e economista Karl Marx em sua obra “O Capital”.

Tudo inspirado no Manifesto do Partido Comunista, publicado pela primeira vez em 1848, historicamente um dos tratados políticos de maior influência mundial, encomendado pela entidade internacionalista Liga dos Comunistas aos teóricos fundadores do socialismo científico Karl Marx e Friedrich Engels.

Todas essas medidas relatadas aqui constavam no “Manifesto” e figuraram na Constituição Provisória já em 1918 na Rússia.
O novo regime enfrentou a forte oposição dos setores ligados ao antigo regime czarista.

Militares, nobres, elementos da burguesia industrial, banqueiros e grandes comerciantes, começaram a atacar e boicotar o novo regime internamente, contando com o apoio militar da França, Inglaterra, Japão e Estados Unidos.

Teve lugar um prolongado estado de guerra civil e combate ao inimigo externo que causou milhões de mortos, vítimas não apenas da guerra, mas principalmente da fome e epidemias, pois a produção agrícola caiu assustadoramente e o sistema de abastecimento ficou totalmente desorganizado, resultado do boicote mundial a jovem república socialista.

A guerra civil terminou quando o Exército Vermelho derrotou os últimos contingentes contra-revolucionários após a assinatura, em 1921, do Tratado de Riga. Em fevereiro desse mesmo ano, o governo criou a Comissão Estatal do Planejamento Econômico (Gosplan), com o objetivo de centralizar o planejamento e a execução da política econômica.

Como a guerra civil tinha devastado o país e a fome atingia grande parte da população, o governo decidiu voltar a utilizar algumas formas de produção capitalistas: os agricultores podiam comercializar os produtos; os comerciantes abriram pequenos estabelecimentos; pequenas fábricas podiam ser dirigidas por particulares; foram igualmente admitidas algumas diferenças de salários; o capital estrangeiro sob controle estatal podia ser investido no país. Essas medidas receberam o nome de Nova Política Econômica (NEP), sem ameaçar as conquistas sociais da Revolução Socialista de Outubro de 1917.

Somente em 1922, a Alemanha reconheceu a União Soviética (Tratado de Rapallo), sendo seguida pela maioria dos Estados ocidentais, com exceção dos Estados Unidos, que só fizeram o mesmo após dois anos.

Em julho de 1923 entrou em vigor uma nova Constituição, que estabeleceu como órgão de governo mais importante o Soviete Supremo, composto por delegados operários e camponeses de todas as repúblicas, encarregados da escolha do Conselho Executivo.

Em 1924 foi adotada a constituição que se baseava na propriedade pública da terra e dos meios de produção de acordo com a Proclamação Revolucionária de Outubro de 1917.

O que devemos agradecer ao Grande Outubro:
Direitos da Mulher: A Revolução Russa de 1917, que defendeu a igualdade de direitos para todos e instituiu o voto da mulher, difundiu o temor de que as feministas no mundo encontrassem no comunismo um sistema mais atrativo e passassem a conspirar junto com os bolcheviques para importar a ideologia aos países ocidentais.

A melhor forma de cortar a raiz de semelhante ameaça foi conceder às mulheres o direito ao voto. A Grã-Bretanha e a Alemanha legalizaram o voto feminino em 1918, e os EUA em 1920, e outros logo tomariam o mesmo caminho. A França foi a única potência que não reconheceria esse direito até 1944.

Legislação Trabalhista: Hoje contamos com uma semana trabalhista de 5 dias, férias gozadas e pagas, licença maternidade, assistência de saúde, além de equipamentos de segurança para os operários, etc. Todas conquistas do Grande Outubro impulsionadas pela pressão que exerceu o exemplo das medidas socialistas sobre o capitalismo.

Graças à URSS foi possível ter tido a noção do lado mais humanitário frente ao capital.

A Segunda Guerra Mundial e a reconstrução depois da vitória: A URSS desempenhou um papel fundamental na derrota da Alemanha nazista. A Batalha de Stalingrado mudou o desenvolvimento da guerra dando vitória aos aliados à custa da heróica resistência russa em uma Europa totalmente invadida pelo nazi-fascismo, restando somente à Grã-Bretanha e à URSS a defesa de seus territórios.

A URSS sofreu a perda de 23,4 milhões de pessoas, número superior ao da própria Alemanha e mais de 26 vezes o número de mortes que sofreram os Estados Unidos e o Reino Unido juntos. Uma vez concluída a guerra, o “agradecimento” do mundo capitalista foi ao Plano Marshall.

O famigerado Plano foi desenvolvido somente sob a condição de que os comunistas fossem excluídos dos parlamentos dos países “democráticos” que recebiam ajuda pós-guerra.

O caminho anti-colonial: Enquanto o imperialismo alimentava a máquina industrial e capitalista da Guerra Fria, a URSS defendia a causa das colônias dominadas e exploradas pelo imperialismo norte-americano e seus aliados europeus.

Estendeu sua ajuda aos países que lutavam pela sua libertação e aos países que recentemente haviam conseguido sua independência. As inclinações soviéticas pela luta libertadora na Índia, África e Oriente Médio ajudaram decisivamente esses povos.

Descobrimentos científicos: Os soviéticos lançaram o primeiro satélite, e logo enviaram o primeiro cachorro, o primeiro homem e a primeira mulher ao espaço. Também desenvolveram diversos desenhos televisivos e o sistema de difusão direta via satélite.

Além disso, os soviéticos também tiveram êxito na aplicação de energia nuclear para fins pacíficos, na criação de próteses ou órgãos humanos artificiais, no primeiro helicóptero e no uso inédito da xerografia.

Em 50 anos de Revolução Socialista, a produção industrial soviética passou de 12 para 85% da alcançada pelos EUA e a pátria de Lenine logrou patamares inéditos de igualdade, segurança, saúde, habitação, emprego, educação e cultura. O socialismo pôs fim à inflação, à discriminação racial e à pobreza extrema.

A esperança média de vida duplicou e a mortalidade infantil caiu 90%. Segundo a UNESCO, nunca uma sociedade tinha elevado tanto o nível de vida da população em tão pouco tempo.

Ao contrário dos Estados Unidos, perpetuamente assolados por epidemias de desemprego, em apenas 20 anos o país dos sovietes atingiu o pleno emprego.

Os direitos laborais nos EUA continuam hoje 80 anos atrás dos soviéticos: os norte-americanos trabalham em média quase 9 horas diárias. Já os soviéticos trabalhavam 7 horas por dia desde 1936.

Os norte-americanos gozam em média 8 dias de férias, amiúde não remunerados. Já os soviéticos tinham direito a um mês de férias inteiramente pagas.

Os EUA são o único país que não contempla a licença maternidade remunerada. Na URSS, as mulheres tinham direito a 20 meses de licença paga.
Os EUA não dispõem de um sistema público de saúde.

Tal não se passaria na URSS, que oferecia cuidados médicos gratuitos a toda população. Os jovens norte-americanos contraem uma dívida média de 80 mil dólares durante a licenciatura.

Na URSS, todos os graus de ensino, do pré-escolar ao pós-doutoramento, eram gratuitos. Na terra do Tio Sam os trabalhadores gastam metade do seu salário em habitação e serviços básicos.

Na URSS, a renda da casa representava 2% do orçamento familiar e os serviços básicos 4%.

A URSS era também uma sociedade mais culta que os EUA. Em 1917, na Quirguízia, menos de 0,2% da população sabia ler e escrever. Em 1970 esse número chegava aos 97%.

Nessa década, a URSS foi reconhecida pela UNESCO como o país do mundo onde se liam mais livros e viam mais filmes. As famílias soviéticas assinavam em média quatro publicações periódicas, o número de visitantes de museus representava metade da população e a frequência a teatros ultrapassava o seu total.

Nos EUA cerca de 25% da população são tecnicamente «iletrados» (incapazes de compreender textos simples).

Com o fim da URSS em 1991, o número de pobres aumentou mais de 150 milhões, a economia e os salários encolheram mais de 50%. 75% dos russos passaram para o nível de pobreza e doenças antes erradicadas atingiram proporções epidêmicas. A esperança média de vida caiu para os níveis do século XIX.

O Decreto da Paz: Uma das mais importantes promessas do Grande Outubro foi cumprida durante o período de existência do Estado socialista entre 1917 e 1991. Foi o primeiro ato do poder soviético, após sua instauração, adotado pelo II Congresso dos Sovietes, por proposta de Lênin, na noite de 7 para 8 de novembro de 1917, algumas horas depois da vitória da insurreição proletária.

O Decreto tirou o país da Primeira Guerra Mundial fazendo valer uma promessa antiga dos Bolcheviques. A URSS existiu até 1991, quando seu governo centralizado foi dissolvido e todas as repúblicas soviéticas declararam a sua independência.

A partir daí a violência interétnica eclodiu e tornou-se endêmica na Armênia e no Azerbaijão, devido à disputa sobre a região Nagorno-Karabakh (Guerra de Nagorno-Karabakh), e se intensificaram na Geórgia com a intervenção militar contra os manifestantes em Tbilisi.

A agitação nacionalista levou a um estado de crise, quando a Lituânia declarou independência e a decisão foi suspensa em junho, devido ao bloqueio econômico decretado por Moscou.

A Guerra da Chechênia foi um conflito bélico ocorrido entre 1994 e 2009. A Rússia atual enfrenta problemas com a Guerra do Daguestão, Guerra Civil na Inguchetia e insurgência no Cáucaso.

O conflito de mais destaque atualmente é o conflito entre a Ucrânia e a Rússia envolvendo a Crimeia, região acompanhada com grande interesse e nova intervenção protagonizada pelas potências ocidentais por se tratar do antigo “celeiro do mundo” - os países envolvidos são ricos em recursos naturais.

Após a queda do socialismo em 1991, iniciou-se uma era de conflitos que perdura até hoje ceifando a vida de milhares de pessoas.

O atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, de forma oportunista, restaurou símbolos soviéticos, como hinos e emblemas, e mesmo pré-soviéticos relativos à Igreja Ortodoxa Russa no sentido de iludir o povo buscando apoio em um momento de conflito armado.

Um artigo recente sobre o saudosismo da época no jornal Gazeta Russa, entre vários depoimentos está o de Ivan, 39 anos, em Nemoskva, que espelha bem o sentimento da população: “Tenho saudade de muita coisa: da estabilidade, do sentimento de orgulho que tive de meu país, da baixa taxa de criminalidade, das garantias sociais e justiça social, boa educação e de muitas outras coisas”.

Aproveitando o saudosismo existente na população, o populismo de Putin defende a volta da URSS, que sabemos ser uma tarefa impossível sem a reconstrução das conquistas sociais e dos órgãos de poder popular do socialismo.


Laércio Júlio da Silva
Administrador hoteleiro formado pela Ecole Hôtelière de Glion, Suíça. Morou e estudou na URSS entre 1974 e 1979.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Obrigado Prestes por nos mostrar o caminho da dignidade através da luta revolucionária!
Você vive nos corações de todos os militantes da Juventude 5 de Julho e do PCML!


Mural da Juventude 5 de Julho- RJ em homenagem aos 117 anos de nascimento de Luiz Carlos Prestes, Rua Regente Feijó, Centro do Rio de Janeiro.


Mural da Juventude 5 de Julho- RJ em homenagem aos 117 anos de nascimento de Luiz Carlos Prestes, Rua Regente Feijó, Centro do Rio de Janeiro.
Desenho de Prestes com o mapa da Coluna Invicta ao fundo. Créditos: Juan Fischer. 

sábado, 20 de dezembro de 2014

Estamos diante de um livro, escrito por um historiador[1], que poderia ser usado em sala de aula de um curso de História como modelo para os estudantes do que não deve ser um trabalho de historiador. Para E. Hobsbawm[2], o historiador deve ter um compromisso com a evidência e, portanto, escrever uma História não só apoiada em documentos como também baseada na comparação do maior número possível de fontes documentais que lhe permitam obter os elementos necessários para uma aproximação confiável dessa evidência. Caso contrário, o historiador ficará sujeito a reproduzir e difundir informações falsas, assim como interpretações errôneas e parciais da realidade que pretende retratar.

Nada disso é considerado por D. A. Reis. No seu livro, não se apresentam as fontes documentais das afirmações veiculadas. Em notas, presentes no final da obra, são citados livros ou arquivos de maneira genérica (por exemplo, “Fundo PCB no Arquivo da Internacional Comunista”, no qual existem milhares de documentos), deixando, portanto, o leitor privado da possibilidade de consultar o documento ao qual o autor se refere. Dessa forma, o leitor é induzido a aceitar como verdades indiscutíveis afirmações cuja origem dificilmente poderia ser comprovada.

Tal metodologia adotada por D. A. Reis, marcada pela incompetência e a irresponsabilidade do pesquisador, contribui para que nos encontremos diante de um texto repleto de erros factuais e de informações falsas, assim como de análises supostamente psicológicas de Prestes e dos demais personagens retratados no livro, embora não conste que o autor possua formação de psicólogo.

Entre inúmeros erros, constantes da obra de D. A. Reis, para citar apenas alguns - se fossem listados todos, seria necessário escrever outro livro -, pode-se apontar, por exemplo, o de antecipar o episódio da campanha da “Reação Republicana” de Nilo Peçanha de 1921-1922 para o ano de 1919 (p. 26), quando foi eleito presidente da República Epitácio Pessoa. Outro exemplo: o autor afirma que os dirigentes comunistas Ramiro Luchesi e Fragmon Carlos Borges foram assassinados (p. 347), no início dos anos 1970, quando na realidade faleceram de morte natural; da mesma maneira, escreve que o general Miguel Costa já teria falecido em março de 1958 (p.279), sem indicar quando, o que só veio a ocorrer em dezembro de 1959; também afirma que, em março de 1990, entre as quatro irmãs de Prestes, só Lygia restara viva (p. 480), enquanto, na realidade, Lúcia faleceu em 1996 e Eloiza em 1998. Em diversos pontos da obra, o autor cita documentos constantes dos anexos no livro A Coluna Prestes, de A. L. Prestes, mas a referência incluída na bibliografia é de outro livro da mesma autora (Uma epopéia brasileira: a Coluna Prestes).

Em diversos momentos, D. A. Reis, que se considera entendido nas obras dos clássicos do marxismo, ao abordar a luta constante de Prestes tanto contra o oportunismo de direita quanto contra o oportunismo de esquerda, lhe atribui posições centristas (p. 330, 333, 358, 437), revelando desconhecimento dessa temática no marcos da teoria marxista. Segundo tal interpretação, V. I. Lenin, que sempre combateu os desvios de esquerda e de direita no seio dos movimentos socialistas e comunistas, teria sido um político de centro...

No que se refere às legendas das fotos reproduzidas no livro, verifica-se que inúmeras estão erradas: o tenente Victório Caneppa, carcereiro de Prestes (à época diretor da Casa de Correção), é apresentado como sendo o diplomata Orlando Leite Ribeiro, amigo de Prestes; a foto da formatura de Prestes no Colégio Militar (aos 18 anos) figura como se fosse da formatura da Escola Militar (aos 22 anos); as fotos de Anita, filha de Prestes, não correspondem às datas que lhes são atribuídas; o retrato da mãe de Prestes, tirado em Londres, em 1936, é atribuído ao período do exílio no México; etc.

Estamos diante de um texto eivado de fofocas, mexericos, intrigas e mentiras, em que se reproduzem as invencionices da viúva de Prestes, assim como de antigos dirigentes do PCB e de comandantes da Coluna Prestes, que viraram inimigos de Prestes. Este foi o caso de João Alberto Lins de Barros, autor de memórias publicadas três décadas após a Marcha, em que revela ressentimentos por seu antigo comandante haver se tornado comunista. Da mesma maneira, vários ex-dirigentes do PCB, em depoimentos prestados ao autor do livro, recorrem à falsificação dos fatos para justificar seus ressentimentos por Prestes ter rompido, em 1980, com a direção do partido da qual faziam parte.

Trata-se de um livro anticomunista, cujo objetivo é a desqualificação de Prestes, da sua mãe, de suas irmãs e também da sua esposa, Olga Benario Prestes; a desqualificação dos comunistas em geral. O autor tem a canalhice de tentar desmoralizar minha mãe, ao afirmar que ela teria abandonado um filho em Moscou (p. 171, 205, 495), como se Olga fosse capaz de semelhante gesto. Os documentos citados – e pior ainda, o autor não cita documento algum, mas apenas o “Fundo PCB no AIC” - não são verdadeiros, pois conheço a documentação da Internacional Comunista, inclusive a pasta referente a Olga. Se alguém, em algum lugar, afirmou tal coisa a respeito de Olga, é mentira; conheci muitos amigos e amigas da minha mãe da época em que ela viveu em Moscou e a afirmação do autor é mentirosa.

O anticomunismo, disfarçado sob a capa de uma suposta objetividade histórica, é revelado a cada página da obra de D. A. Reis, tanto através das numerosas informações falsas que divulga quanto da repetição de juízos de valor questionáveis. Assim, a adoção por Prestes de posições políticas em que, incompreendido, ficou só, e as derrotas, enfrentadas por ele e pelos comunistas durante sua longa vida, seriam episódios desmerecedores da sua trajetória como homem público e revolucionário, que se empenhou na conquista de um mundo sem explorados e exploradores, sem oprimidos e opressores.

Ao rebater os juízos de valor adotados por D. A. Reis, vale lembrar William Morris, o revolucionário inglês do final do século XIX, cuja biografia constitui o primeiro trabalho importante de E. P. Thompson [3]. Conforme foi assinalado por Josep Fontana, W. Morris, em 1887, “ao comemorar uma dessas grandes derrotas coletivas”, escreveu:

A Comuna de Paris não é senão um elo na luta que teve lugar ao longo da história dos oprimidos contra os opressores; e, sem todas as derrotas do passado, não teríamos a esperança de uma vitória final.[4] 

Também Paul Eluard, o poeta da Resistência francesa, pronunciou-se a respeito das derrotas:

Ainda que não tivesse tido, em toda minha vida, mais do que um único momento de esperança, teria travado este combate. Inclusive, se hei de perdê-lo, outros o ganharão. Todos os outros.[5]

Embora os intelectuais a serviço dos interesses dominantes, comprometidos com a preservação do sistema capitalista, como é o caso de D. A. Reis, empreendam todo tipo de esforços para desmoralizar e destruir a imagem de lutadores pelas causas populares, como Luiz Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, não o conseguirão, desde que as forças democráticas e progressistas se mantenham alertas e atuantes na preservação do legado revolucionário desses homens e mulheres que deram a vida por um futuro de justiça social e democracia para toda a humanidade.

Anita Leocadia Prestes
Anita Leocadia Prestes é doutora em 
História Social pela UFF, professora do Programa de Pós-graduação 
em História Comparada da UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes.


[1]  REIS, Daniel Aarão. Luís Carlos Prestes. Um revolucionário entre dois mundos. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
[2]  HOBSBAWM, Eric. Sobre a História; ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p.286-287.
[3] THOMPSON, E.P. William Morris; romantic to revolutionary. Londres: Merlin Press, 1977.
[4] MORRIS, William. Why we celebrate the Commune of Paris. Commonweal, 3, n. 62, p. 89-90, Mars 1887, apud FONTANA, Josep.  A história dos homens. Bauru, SP: EDUSC, 2004, p.490.
[5]  ELUARD, Paul. Une leçon de morale, prefácio, em Ouvres complètes. Paris: Gallimard, 1984. II, p. 304, apud FONTANA, Josep. Obra citada, p. 490.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Havana, 17 dez (Prensa Latina) A Prensa Latina transmite o texto na íntegra do pronunciamento do presidente cubano, Raúl Castro, sobre importantes temas relativos às relações Cuba-Estados Unidos.

Compatriotas:

Desde minha eleição como Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, tenho reiterado em múltiplas ocasiões, nossa disposição a sustentar com o governo dos Estados Unidos um diálogo respeitoso, baseado na igualdade soberana, para tratar os mais diversos temas de forma recíproca, sem menosprezo à independência nacional e à autodeterminação de nosso povo.

Esta é uma posição que foi expressada ao Governo dos Estados Unidos, de forma pública e privada, pelo companheiro Fidel em diferentes momentos de nossa longa luta, com a proposta de discutir e resolver as diferenças mediante negociações, sem renunciar a um só de nossos princípios.

O heroico povo cubano demonstrou, frente a grandes perigos, agressões, adversidades e sacrifícios, que é e será fiel a nossos ideais de independência e justiça social. Estreitamente unidos em 56 anos de Revolução, guardamos profunda lealdade aos que caíram defendendo esses princípios desde o início de nossas guerras de independência em 1868.

Agora, levamos adiante, apesar das dificuldades, a atualização de nosso modelo econômico para construir um socialismo próspero e sustentável.

Resultado de um diálogo ao mais alto nível, que incluiu uma conversa telefônica que sustentei ontem com o Presidente Barack Obama, se pôde avançar na solução de alguns temas de interesse para ambas nações.

Como prometeu Fidel, em junho do 2001, quando disse: “Voltarão!”, chegaram hoje a nossa Pátria, Gerardo, Ramón e Antonio.

A enorme alegria de seus familiares e de todo nosso povo, que se mobilizou infatigavelmente com esse objetivo, se estende entre os centenas de comitês e grupos de solidariedade; os governos, parlamentos, organizações, instituições e personalidades que durante estes 16 anos exigiram e fizeram denotados esforços por sua libertação. A todos eles expressamos a mais profunda gratidão e compromisso.

Esta decisão do Presidente Obama, merece o respeito e reconhecimento de nosso povo.

Quero agradecer e reconhecer o apoio do Vaticano e, especialmente, do Papa Francisco, à melhoria das relações entre Cuba e Estados Unidos. Igualmente, ao Governo do Canadá pelas facilidades criadas para a realização do diálogo de alto nível entre os dois países.

Por sua vez, decidimos soltar e enviar aos Estados Unidos um espião de origem cubana que esteve a serviço dessa nação.

Além disso, baseados em razões humanitárias, hoje também foi devolvido a seu país o cidadão norte-americano Alan Gross.

De maneira unilateral, como é nossa prática e em estrito apego a nosso ordenamento legal, receberam benefícios penais os reclusos correspondentes, inclusive a libertação de pessoas sobre as quais o Governo dos Estados Unidos tinha demonstrado interesse.

Igualmente, acordamos a restauração das relações diplomáticas.

Isto não quer dizer que o principal tenha sido resolvido. O bloqueio econômico, comercial e financeiro que provoca enormes danos humanos e econômicos a nosso país deve cessar.

Ainda que as medidas do bloqueio tenham sido convertidas em Leis, o Presidente dos Estados Unidos pode modificar sua aplicação usando de suas faculdades executivas.

Propomos ao Governo dos Estados Unidos adotar medidas mútuas para melhorar o clima bilateral e avançar para a normalização dos vínculos entre nossos países, baseados nos princípios do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas.

Cuba reitera sua disposição a sustentar cooperação nos organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas.

Ao reconhecer que temos profundas diferenças, fundamentalmente em matéria de soberania nacional, democracia, direitos humanos e política exterior, reafirmo nossa vontade de dialogar sobre todos esses temas.

Chamo o Governo dos Estados Unidos a remover os obstáculos que impedem ou restringem os vínculos entre nossos povos, as famílias e os cidadãos de ambos países, em particular os relativos às viagens, ao correio postal direto e às telecomunicações.

Os avanços atingidos nas conversas sustentadas demonstram que é possível encontrar solução a muitos problemas.

Como temos repetido, devemos aprender a arte de conviver, de forma civilizada, com nossas diferenças.

Sobre estes importantes temas voltaremos a falar mais adiante.

Muito obrigado.


Raúl Castro Ruz - 17 de dezembro de 2014

http://inverta.org/jornal/agencia/internacional/pronunciamento-do-presidente-raul-castro-sobre-relacoes-de-cuba-com-os-eua

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Porque Cuba gera tantas polêmicas?

Porque a extrema direita não pode ver um socialista, alguém de esquerda ou simplesmente alguém de vermelho para começar a mandar-los ir para Cuba?

Ditadura ou modelo de Democracia?
Vem pra Cuba!

A JUVENTUDE 5 DE JULHO CONVIDA A TODOS A PARTICIPAR EM SEU PRIMEIRO CICLO DE DEBATES SOBRE O SOCIALISMO, VEM PRA CUBA OCORRERÁ NO DIA 12 (SEXTA-FEIRA) ÁS 18 HORAS, NA RUA REGENTE FEIJÓ NÚMERO 49 SEGUNDO ANDAR!
COM A PRESENÇA DE MÉDICOS FORMADOS EM CUBA!
VEM PRA CUBA!


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Os movimentos socialistas ao redor do mundo se caracterizam por uma grande sensibilidade humana e artística. Por isso mesmo fazem história os cartazes de propaganda das idéias socialistas. No dia da Consciência Negra, publicamos alguns cartazes socialistas que tem como temática a luta do negro contra a opressão e por uma sociedade mais fraterna e justa.



Cartazes da União Soviética

Saudações aos lutadores contra o fascismo, Koretsky, URSS, 1937.

Crianças do herói do povo congolês, Patrice Lumumba - Fransua , Patrice e Julianna, Osenev, URSS 1961.



Dia Internacional para a Proteção das Crianças, Selo Postal, URSS, 1958


Lutador pela liberdade da África do Sul , Nelson Mandela, Selo Postal, URSS, 1988.

Mães da Rua, Kuznetsov, URSS, 1970

Maldito seja, o capitalismo! , Ivanov, URSS, 1975


Povos de África vai dominar os colonizadores, Kukryniksy, URSS, 1960. 
Proletários de todos os paíes e povos coloniais oprimidos, Koretsky, URSS 1932

Sob o capitalismo ... Sob o socialismo ... , Koretsky, URSS, 1948

Aniversáírio do Congresso Nacional Africano da África do Sul de 70 anos, Schmidteein, URSS, 1982.
Congresso Internacional das Mulheres, Suryaninov, 1963.
Erga a bandeira do internacionalismo proletáírio,  Savostuk, URSS, 1958.

Eu nunca vou esquecer um amigo, se nós nos tornamos amigos em Moscou, Sachkov, URSS,1964

jogando bola, Bublev, URSS, 1920

O Grande Lenin mostrou -nos o caminho, Boldyrev, URSS, 1969.

Para a Luta! , Prorokov, URSS, 1950.

África está lutando, África Prevalecerá!, Koretsky, URSS, 1981.

A Canção da Paz, Valentin Polyakov, Igor Radoman, URSS, 1950.

Ele levou a África no coração, Lumumba, Koretsky, URSS.

Ele levou a África no coração, Lumumba, Koretsky, URSS.

Vivemos em uma Africa Livre, Nina Vatolina, URSS. 1964.

Esboço para o mural do clube em homenagem à Dzerzhinsky, URSS, 1928

Nós somos os jovens Leninistas, Konashevich, URSS, 1925.

Todas as bandeiras nos visitam, Deineka, URSS, 1964.

URSS pelo desarmamento completo, Koretsky, URSS 1959.

A Aurora da Liberdade não pode ser extinta!, Karakashev, URSS, 1967



Cartazes da China Popular


Os sentimentos de amizade entre os povos da China e da África profundos, China.

Resolutamente apoiar a luta anti-imperialista dos povos da Europa, Ásia e América Latina, China


Trabalhadores do mundo, uni-vos, China, 1968.


Uma mensagem para os negros na África e América, China.

Cartazes de Cuba


Casa de Detenção do Queens,  Lazaro Abreu, Cuba, 1975


Conferência Tricontinental 3¦ Aniversário, Alfredo Rosgaard, Cuba, 1968.

Dia da solidariedade internacional com o povo de Guiné e Cabo Verde, Lazaro Abreu, Cuba, 1970


Dia de solidariedade com a luta do povo da África do Sul, René Medero, Cuba, 1970

Dia de solidariedade com Angola, Daysi Garcia, Cuba, 1968.

Dia de solidariedade com o Zimbabwe, Faustino Pérez, Cuba, 1970

Dia de Solidariedade com os afro-americanos, Daysi Garcia, Cuba, 1968.


Santo Domingo -1965, Alfredo Rostgaarrd, Cuba, 1970

Sekou Toure, Alfredo Rostgaard, Cuba, 1971.

Solidariedade com a América Latina, Asela Perez, Cuba, 1970



Cartazes de Partido dos Panteras Negras para Auto-Defesa

Black Panther Party poster, Emory Douglas, 1969.

Black Panther Party poster, Emory Douglas, 1969.


       
All Power to the People! Emory Douglas, s/d.

Alerta para a América, Emory Douglas, s/d.

Solidariedade Afro-Americana com os povos oprimidos do mundo, Emory Douglas, s/d.
Sem nome,  Emory Douglas, s/d.
Solidariedade Afro-Americana com os povos oprimidos do mundo, Emory Douglas, s/d.

Freedom, Emory Douglas, s/d.

George Jackson Lives! Emory Douglas, 1971.